sábado, 28 de março de 2009

Fantasmas do Passado


Rota do Ouro Negro: Fuste -Pedrogão -Rio de Frades (Arouca)

Devido principalmente a conjunturas de mercado, as Minas normalmente encerram em situação difícil, após tempos áureos que todos se orgulham de ter vivido.

Restam então as escombreiras, as máquinas, os edifícios e os "buracos".

Fica a história geológica, a metalogénese, redescoberta em cada palmo de rocha retirado das entranhas da crusta.
Restam também (quando restam!) os arquivos de mapas, cadastros e documentos diversos da empresa que animou a actividade mineira.
Mas fica na mente de todos essa actividade exercida com sacrifício, coragem e determinação na luta contra o filão, extraindo dele o que de importante possuía.

Em Rio de Frades era o volfrâmio que se extraía...

A par deste património histórico-científico-industrial (é assim que deve ser considerado), fica a ferida do fim da actividade e mesmo do desemprego.
O denominado desenvolvimento sustentável, que permita às gerações presentes satisfazer as suas necessidades sem pôr em risco a possibilidade das gerações futuras virem a satisfazer as suas próprias necessidades, não mais se compadece com o abandono do património mineiro no fim da exploração.
A par da reabilitação paisagística, da descontaminação e da resolução dos problemas sociais, surge a preservação do património mineiro (objectos, espaços e memória) como uma nova actividades a desenvolver. Trata-se da emergência das questões do período post-mina.

A preservação de toda a informação sobre o passado do Homem, longínquo e recente, cada vez mais é considerada como um princípio fundamentador e orientador do presente e encarada como um meio potencialmente capaz de fecundar o desenvolvimento cultural e económico dos povos.
Não pode escapar a esta regra a preservação e a valorização futura de tudo o que seja espólio da actividade mineira (varias vezes milenar) que ocorreu no nosso País.

Há em cada Mina encerrada algo invulgar da actividade do homem que deve ser preservado a todo o custo.

E em primeiro lugar para benefício local, contribuindo (num futuro mais ou menos próximo) para ajudar a sarar a tal ferida que naturalmente se abriu com o encerramento da actividade mineira.
E isto porque o carácter particular da actividade mineira e o orgulho que mais ou menos todo o mineiro teve da sua actividade são mais reais do que se possa imaginar.

Esta tarefa é enorme e urgente.
Enorme porque pouco foi feito até ao momento.
Urgente pois cada dia que passa mais património fica irremediavelmente perdido.Nesta tarefa todos podemos participar.


Texto gentilmente cedido pelo autor : o meu bom amigo Alexandre.
Extracto de "Memórias Mineiras: O passado identificado no presente e como referência para o futuro"

8 comentários:

  1. Muito bem escolhido este belíssimo texto de Alexandre Leite sobre mais um problema com que actualmente nos debatemos no nosso país. É que são quase uma centena as minas abandonadas cujo espaço envolvente urge reabilitar para se evitar a degradação e a contaminação do ambiente. Do mesmo modo há que preservar o precioso e valioso património mineiro que temos no nosso país e que resulta de séculos de actividade mineira.

    As imagens do vídeo são bem bonitas e muito ilustrativas do texto apresentado.

    Parabéns por este excelente post.

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  2. Entrar neste blog é viajar e aprender.
    Nem sabe quantas viagens e lições já me proporcionou!

    Abraço e obrigado

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  3. Fazer aquilo que gostamos dá-nos sempre um prazer especial, mas quando isso é apreciado pelos outros, então torna-se duplamente compensador!
    Muito obrigado Tétis e Argos, pelas vossas palavras, farei para ser merecedor de mais visitas.

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  4. Parabens pela seleçao de imagens!!!!
    Otimo texto!!!!

    Abraços..
    Gi!!!

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  5. De facto, este espaço é um excelente documentário sobre os mais puros aspectos do país. A combinação perfeita entre as palavras e as imagens, também elas de rara beleza. Obrigatoriamente irá fazer parte da lista de link's do Recantos.
    Um abraço.

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  6. Texto e imagenes... toda una evocación de un tiempo y de una vida muy dura en las minas. Un pasado que ahora adquiere una dimensión poetica en tu relato escrito y gráfico.

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  7. Uma pausa no tempo... nos locais onde o tempo pára... um outro tempo que já não existe... o ideal!

    Um abraço! Boa Páscoa!!!

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