sexta-feira, 29 de maio de 2009

Caminho do Norte -Dia 6



09/04/09 Dia 6 Arzua- O Pedrozo (20Km)


O destino deste dia seria a localidade O Pino-Pedrouzo, a 20 km de distância…e a uns escassos 25 de Santiago! O grupo reuniu-se para um recheado pequeno-almoço servido no quarto… preparado por nós! Desde muito cedo que o rumor de peregrinos madrugadores em marcha, chegava levemente, através da janela aberta do quarto.

A boa noite de sono tinha proporcionado um descanso retemperador porém infelizmente, o Nuno não tinha conseguido recuperar. Tinha ainda as pernas e pés muito doridos. Desiludido, pesaroso, com o coração na boca, expondo as suas razões, anunciou que não tencionava acompanhar-nos mais até Santiago! …Protestamos, insistimos, insistimos e lá conseguimos convencê-lo a aceitar o repto…fazer-mos juntos a derradeira etapa…nem que fosse em “cadeirinha”.
Assim ficou combinado!

Foi pois pelas 7.30h que nos fizemos ao caminho, desta vez com o grupo incompleto… Atravessámos a ainda sonolenta Arzua, numa manhã que se apresentava fria, para nos arredores depararmos com “bares-esplanas”, mesmo na berma do caminho, repletas de peregrinos de todas as línguas… sinais de mudança, serviços “modernaços” disponíveis no Caminho Francês…a que não estávamos habituados. A pouco e pouco o percurso entrou na zona mais rural, onde se podia avistar a neblina pousada nos campos. Na berma do trilho bem marcado e cuidado, algumas singelas homenagens a peregrinos falecidos no Caminho, eram motivo de emotivas e obrigatórias paragens.

Nesta manhã que persistia em se manter fresca, caminhávamos rápido… tendo em mente a lotação do albergue de destino (126 camas) mas também as nuvens traiçoeiras, que prometiam chuveiros intensos!
A meio da manhã alcançamos o grupo de Málaga, madrugando, tinham como objectivo o “super” Albergue de Monte de Gozo, às portas de Santiago, e a cerca de 35Km de Arzua… caminhavam muito devagar, o que fazia antever uma chegada tardia ao destino! Foi aqui a nossa despedida deste simpático grupo!

Mais uma vez éramos conduzidos de vieira em vieira, por frondosos trilhos florestais, connosco caminhavam na mesma direcção, como que magnetizados, bastantes peregrinos, grande parte a pé, mas também a cavalo e muitos de bicicleta…estes passavam, deixando para trás um “buon camiñooooooooooo”!

Ainda não era meio-dia, quando chegamos ao Albergue, ainda encerrado mas já com uma extensa fila de peregrinos…. Não conseguimos porém escapar à chuva, que entretanto tinha feito a sua prometida aparição!

Tal como tinha prometido o nosso companheiro, não nos tinha abandonado e lá nos esperava também, tinha conseguido chegar até às redondezas de camioneta.
Nas imediações do albergue, procuramos a nossa refeição, pois a cozinha comum, deste lotado abrigo, estava agora repleta de cozinheiros que preparavam as mais variadas receitas…o salão estava também repleto, com grupos de jovens estudantes…lá fora os aguaceiros continuavam!
Mal o albergue começou a serenar, nos nossos beliches, aconchegados nos sacos-cama recuperámos forças, entregues aos nossos pensamentos e dúvidas…será que consigo? Será que chego a Santiago? Como será o trilho?
Pela última vez entregamo-nos ao habitual “ritual curandeiro” do fim de dia, tratando as mazelas com pomadas, gazes, adesivos, etc. (dor aqui e ali!)

Queríamos entrar juntos em Santiago.... depois de tanto Caminho percorrido! …Temíamos agora a decisão do Nuno. A noite ditaria ou não a sua condição.
Foi assim cheios de incertezas, que recolhemos cedo…pois bem cedo queríamos deixar este albergue, para calmamente palmilhar e apreciar os derradeiros 25 kms do caminho que nos separava da Catedral de Santiago e a sua famosa praça!

4 comentários:

  1. grande jornada!

    um dia tb a faço.

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  2. Bem vindo Intruso!
    Obrigado pelo comentário...e não deixe de se fazer ao Caminho!
    Abraço.

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  3. E apareceram as maselas...
    A perspectiva da chegada, atenua as dores.
    Dá alento!
    Santiago está já ali!... 25Kms...
    A Praça do Obradoiro vai ser pequena para conter tanta alegria e orgulho.

    Santiago vai ajudar, claro.

    ULTREYA

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  4. Cada um no seu caminho...o que interessa é sabermos para onde vamos e caminharmos com alegria.

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