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Ainda a ténue luz do envergonhado dia, mal se fazia sentir e já deixava eu a confortável “hostal”… O ar ainda estava gélido, quando saí, o termómetro do carro marcava 7ºC.
Surpreendi a montanha ainda na sua higiene matinal… as cerradas nuvens, ainda baixas, deixavam um apressado rasto “orvalhado”…aceitei as condições, queria fechar o ciclo pessoal que tinha deixado em aberto no ano anterior, quando não consegui atingir o cume.
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Apresentei-me equipado a rigor. O vento e a “chuva” fustigaram o rosto durante algum tempo. Aos poucos fui percorrendo o trilho sinuoso que me levava ao vale encantado e por sua vez ao pico que era o meu objectivo nesse dia. O pequeno GPS indicava a direcção a seguir e que eu não podia confirmar “à vista”…
Graças ao poder do “astro rei”, a visibilidade foi melhorando, com a subida do tecto de nuvens e mesmo provocando o seu afastamento. Depois de algumas horas no trilho, apenas me cruzei com um pequeno veado, vaquinhas ensonadas e pássaros atrevidos que teimavam em fugir no último instante! A paisagem foi ganhando cor, os verdes nos vales e as encostas semi-cobertas com urzes. Aqui e ali uma pitada de neve tardia, numa ou noutra encosta.
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O dia foi avançando, o vale encantado foi alcançado, transpostos os inúmeros ribeiros. O trilho por vezes transformado em lamaçal ou em traiçoeiros campos de erva alta…por onde correm pequenos regatos escondidos! Envergonhada, a montanha foi-se mostrando cada vez mais, as nuvens foram para longe e pareciam agora algodão branco em contraste com o céu azul! A ascensão final teve o seu início sob um sol radioso e sem vento… enfim, o convite final.
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Durante a ascensão paro inúmeras vezes para recuperar o fôlego… coisas da idade! Aprecio então o que a montanha me proporciona, uma vista paradisíaca, o majestoso silêncio (…só interrompido pela batida forte do meu coração!) … um mundo de tranquilidade. Atingido o cume, ainda me foi permitido desfrutar o frugal almoço, neste local sobranceiro a todo o horizonte. Tempo e visibilidade excelente…ausência completa de vento, acontecimento raro nestas altas paragens. Calmia total.
As nuvens no horizonte (…e o relógio) ditaram o regresso… descida cuidadosa e de novo a travessia do vale encantado. As nuvens que se adensavam atrás de mim, cuidados e cautelas (…e as minhas pernas!) recomendaram uma alteração da rota planeada, optando pelo mesmo trilho para regressar, em vez de contornar a barragem lá longe.
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Subo agora a encosta que tinha descido…não tinha reparado neste desnível! O vento volta a assobiar, felizmente as nuvens de borrasca ainda estão lá longe. Aos poucos, passada atrás de passada, o GPS diz-me que o carro está mais próximo…desta vez consigo confirmar com o relevo da zona, cada vez mais familiar. Finalmente a viatura é avistada…
Cerca de 10h depois de ter partido eis que regresso, dou por mim a constatar que não avistei ninguém… um dia memorável que a montanha me deu a desfrutar a sós!
Discípulo da montanha, guardarei este memorável dia num recanto especial da minha memória vivida.
Hoje, a montanha foi minha!
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Excelentes fotos,e que inveja de não ter participado na aventura!
ResponderEliminarUm abraço.
· El placer de subir una montaña no se puede contar bien. Hay que vivirlo.
Es una pena que tus fotos sean pequeñas. debieras publicarlas más grandes.
· Salud·os
CR & LMA
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Grande dia este. Já agora onde se passou esta aventura?
ResponderEliminarE como sempre belas fotografias.
Um abraço
Claudino
CR, ñOCO Le Bolo e Claudino:
ResponderEliminarGrato pelas vossas visitas!
Existem momentos em que a solidão é a melhor companhia. Esta ascensão ao Pena Trevinca, em Sanábria (Espanha)foi uma espécie de ajuste de contas pendente...
Para não tornar a abertura "pesada", as fotos são publicadas em dimensão reduzida... mas basta um clic para as ampliar ;)
Mas seguindo a sugestão, nos proximos posts vou publicar menos mas em maior dimensão OK?
Sempre a caminho!
Olá amigo
ResponderEliminarQue agradável surpresa a minha ao ler este teu post. É que descobri que além de um excelente fotógrafo és um magnífico poeta...
Este teu texto é poesia pura, um hino à natureza, neste caso à montanha que nesse dia foi só tua.
Parabéns pelo "poema" e pelas fotos. Lindo, deslumbrante tudo que aqui vi e que me encheu a vista e a alma.
Beijinhos
Por muito dolorosa que seja a subida da montanha, a felicidade sentida ao chegar ao topo, compensa-nos de todo o sofrimento que sentimos durante a subida.
ResponderEliminarSó quem na vida experimentou uma íngreme e desconhecida subida, e toda a solidão que nos acompanha, pode saber como é estar lá em cima e olhar á nossa volta.
E que ninguém opte pelo caminho mais fácil, que, quase sempre, é aquele por onde não devemos ir.
Encontrei novamente este lugar... voltarei, para continuar a ver as suas belas fotografias.
Abraço
Maria
Posso fazer uma sugestão...?
ResponderEliminarAí vai:
AS FOTOGRAFIAS EM TAMANHO MÉDIO E CENTRADAS.
Amiga Tétis,
ResponderEliminarQue dizer...
Como sempre, generosa nos comentários ;)
De poeta e de louco, todos temos um pouco -certo? Sem grandes pretensões, descrever as “Xperiences” e emoções é o meu propósito... fico pois duplamente contente em saber que - desta forma - também desfrutas-te a aventura!
Obrigado pela visita.
Sempre a caminho!
Bjs
Amiga Maria,
ResponderEliminarFico encantado por receber novamente a sua visita perfumada.
Palavras sábias as suas... o caminho fácil, é quase sempre o mais perigoso! Na montanha e na vida... tantas vezes só depois de percorrer o penoso trilho é que vislumbramos e saboreamos a conquista!
Sempre a caminho!
Bjs
Nota: Sugestão aceite. Parece-me bem! Obrigado ;)
a montanha
ResponderEliminaré um reduto
de silêncio
e paz
[também eu tenho
umas contas para ajustar
com o Peña Trevinca :)
*abraço*
Meu caro lupuscanissignatus,
ResponderEliminarRegisto com agrado a sua passagem por estas bandas!
As suas singelas palavras são portadoras de uma grande verdade... saibamos escutar o silêncio!
a montanha
é um reduto
de silêncio
e paz
Abraço
Sempre a caminho!
Olá Sight!
ResponderEliminarGosto muito das fotos da tua conquista da montanha... Mas ainda gosto mais das tuas palavras e da maneira tão poética que usaste para nos contar e de algum jeito fazer que nós também chegáramos até o cume de Pena Trevinca ...
Vou ter que trocar a minha forma de contar as nossas caminhadas... Eu também quero expressar igual que tu... Vou treinar e ver se consigo!!! Mas acho que não tenho alma de poeta!!
Abraços desde Pontevedra Espanha
Mary Carmen
Maria Carmen :)
ResponderEliminarFico muito contente por teres gostado do texto! O que eu gosto mesmo é das imagens, da fotografia. Gosto muito de as "ilustrar" com um texto ou vice-versa. Parte do gozo está na busca do texto adequado... ou da imagem. É isso que faço aqui no blogue.
Escrever não é de todo a minha "área"... mas volta e meia, os temas e a emoção fazem-me arriscar...
Grato pela tua visita!
Abraço daqui do Porto
Olá Sight :)
ResponderEliminarpreciosa esta homenagem ao Dia das Montanhas! maravilhada com as fotos, o texto e o propósito da ida ao Trevinca... que xperience!!
... e as boas vindas à página do teu blogue com o "snow effect", boa surpresa :)
Feliz dia
Bom ter a tua visita aqui.
ResponderEliminarPois, a propósito do Dia Internacional das Montanhas … vim aqui a este meu baú, depósito de memórias e emoções...
Um dia fabuloso com uma paisagem fabulosa!
O meu tributo à Montanha!